Entrevistas

[ARKTALKS] Thaise Gadis: “Arquitetura é entender necessidades, materializar sensações e despertar sentimentos!”

Inspirada pela avó quando criança desenhando casas, a arquiteta Thaise Gadis transformou o passa tempo afetivo em profissão ao se tornar uma referência no setor. Em nosso bate papo com Thais ela conta como começou sua carreira na arquitetura e muitos mais. Confia!

Arquiteta Thaise Gadis
Arquiteta Thaise Gadis

ARQ: O que despertou a sua paixão pela Arquitetura? Quais foram as influências?

Arquitetura é uma área que envolve arte, criação, amor. E o que despertou a minha paixão pela profissão foi exatamente isso: a arte!

Desde criança eu acompanhava as pinturas da minha avó. Ela pintava em telas, comprava revistas com paisagens e casarios, e eu tinha uma tela menor para acompanhar e muitas folhas em branco! Ficava olhando as casas e imaginando como elas seriam por dentro. Desenhava as casas com dois pavimentos em corte, as vistas das respectivas alvenarias e os mobiliários internos. Eu tinha uns 9, 10 anos na época e até hoje minha avó mostra uma caixa com estes desenhos guardados.

Acredito que através da arte dela, surgiu a minha paixão por esta profissão tão incrível e que amo tanto!

ARQ: Como iniciou no mercado de trabalho? Você lembra da primeira experiência fora da universidade?

Iniciei no mercado de trabalho logo que comecei o curso de Arquitetura, através de estágios e trabalhos na área. O primeiro foi quando eu estava no primeiro semestre do curso de Arquitetura na UNISC, onde tive um professor que me ofereceu um estágio na área de Restauração de Patrimônio Histórico no centro de Arqueologia da Faculdade. Mudei de cidade e continuei a estudar arquitetura na UNIVATES, onde surgiu o meu segundo estágio na área, como projetista em uma loja de revestimentos e acabamentos. Após, o meu terceiro estágio foi em um escritório de arquitetura onde tive meu primeiro contato com interiores, e logo após, o primeiro trabalho direto com a área!

A primeira experiência fora da faculdade, se iniciou através de um trabalho para uma empresa de móveis projetados. Eu criava os mobiliários e eles executavam. Durante este trabalho obtive vários contatos com clientes. Muitos com o passar dos anos já mudaram de casas, apartamentos e hoje permanecem meus clientes em projetos novos, inclusive em projetos que estão em andamento de execução no momento!

Este meu primeiro contato fora da faculdade foi inteiramente com interiores e desde lá trago comigo a principal intenção: o emocional em tudo que projeto! Acredito que este emocional foi o que fez estes clientes caminharem comigo até hoje, no passar dos anos e no modificar das suas vidas!

ARQ: Qual foi o primeiro projeto executado totalmente por você? E qual foi a primeira dificuldade superada?

O primeiro projeto totalmente executado por mim por, foi o de uma clínica odontológica. Uma reforma comercial completa, onde colocamos piso elevado, modificamos totalmente o layout, alvenarias foram removidas, repartições adicionadas, dentre outras etapas desenvolvidas. Projeto que tivemos 13 empresas envolvidas e mais de 30 profissionais trabalhando na execução. Uma experiência muito rica!

Antes tiveram outros projetos executados desde que iniciamos o escritório, porém todos executados com mão de obra dos respectivos empreendimentos, equipes já existentes, fornecedores já contratados, mas quando a coordenação e a execução são totalmente nossas é diferente. O projeto nasce, cresce e se realiza como esperado do início ao fim. Com comprometimento na execução fielmente como o projeto. O compromisso é maior, mas a exatidão é certa!

Neste projeto da clínica tivemos uma experiência muito rica, e uma troca muito grande. Acredito que tudo é uma troca. Troca de vivencias, de conhecimento, de técnicas…

Nossa primeira dificuldade superada foi a coordenação de todas as etapas com suas respectivas equipes levando em consideração que a obra estava sendo realizada em edifício comercial, com horários de trabalho diferenciados, e também executada em duas etapas para o cliente poder continuar trabalhando em um lado da sala durante obra.

Eu diria que foi a primeira dificuldade, mas realizada com muito sucesso!

ARQ: De onde você tira inspiração para projetar?

Acredito que todos nós nos inspiramos nas sensações que são refletidas pelos ambientes que passamos e pelas pessoas que conhecemos. Busco inspiração no que me toca! Quando início uma criação busco levar para dentro dela essas sensações. Minha proposta sempre é levar bons sentimentos e suprir as necessidades através de cada linha do projeto, por isso acredito que saber lidar e proporcionar emoção aos clientes está inteiramente ligado ao espaço que criamos e a o que ele pode oferecer aos usuários!

A minha inspiração nasce dos estímulos dos lugares que vou criar, do espaço onde o projeto será criado, dos clientes, dos aromas existentes no local, dos sons que espaço provoca, dos objetos encontrados, do todo,  mas principalmente das conversas com os clientes, do querer dos clientes, do conhecer os clientes!

Essa é a grande diferença na hora a criação. É o que me desperta a vontade de criar! As bagagens e as necessidades que o cliente trás, acrescentadas a minha linguagem arquitetônica!

Sempre busco priorizar o emocional em todos os projetos, criar espaços que vão guardar as histórias de vida, de momentos, as lembranças.

Respeitar o perfil de cada cliente durante a criação também é muito importante aqui no escritório. Sempre deixo o cliente participar desta experiência, curtir o momento, viver o processo! Acredito que isso é o que torna o resultado incrível!

ARQ: Pensando em mercado, quais os novos desafios apresentados por ele?

Nos últimos anos, e principalmente hoje estamos nos exigindo cada vez mais velocidade. Reduzimos os prazos, aumentamos as demandas, em todas as áreas e em relação a tudo que nos cerca.

Acredito que o momento agora nos pede o novo. Um novo olhar, novas práticas, um novo viver!

Hoje a preocupação com o lar, com os espaços que nos acolhem estão mais fortes. E acredito que a arquitetura serve para auxiliar as pessoas a terem espaços que auxiliem no seu dia a dia, em suas vidas. Hoje conseguimos olhar de forma mais sensata para as rotinas, para o tempo, para a forma de trabalho que tínhamos antes e para a forma que iremos trabalhar agora.

A tecnologia avança cada vez mais, principalmente neste momento, e tirar proveito disso para facilite nossas demandas, é muito importante. Saber usar a tecnologia a nosso favor, tanto em evolução quanto em facilidades!

O mercado hoje exige que sejamos sempre melhores, e ser excelente no que fazemos é o mínimo! Estar sempre em busca de conhecimento, de atualização e utilizando as ferramentas certas para auxiliar em um bom trabalho. Aqui no escritório apostamos muito em tornar o momento de apresentação e realização do projeto o mais real possível, fazer o cliente se sempre dentro do espaço, viver aquele momento, sentir!

Acredito que o principal desafio do momento em que estamos vivendo é a proximidade. Saber estar próximo, mesmo estando longe! Ter diferencial no mercado, hoje, é saber olhar para dentro e levar como ponto principal o ser humano, ser mais humano! Confiar no propósito do trabalho que você faz , no que você faz e por que você faz! Acredito que isso será o equilíbrio para todas as áreas!

ARQ: O quanto você aposta em tendência e o quanto acredita em estilo?

Acredito nos dois de formas diferentes! A tendência pode ser um sucesso quando bem empregada! Vejo com tendência para a arquitetura em geral, a sustentabilidade, a racionalização, a funcionalidade. Tendências necessárias para melhorar os espaços, para melhorar a vida das pessoas, para melhorar as obras e as execuções. Hoje vemos muito desperdício em obras, execuções nada sustentáveis, falta de coordenação e gerenciamento. Porém na maioria das vezes as “tendências” não são aplicadas ou são utilizadas de forma que não agregam, tanto em projetos arquitetônicos quanto em ambientes internos onde viram modismos ou estética sem relação. As tendências momentâneas, lançadas com a moda, que não são atemporais, que não perduram, estas devem ser analisadas com muita cautela e empregadas com muita coerência.

Penso em estilo como a personalidade do local, o estilo é próprio. Ele sim perdura para sempre, é atemporal! Acredito que estilo é algo que nasce com o projeto desde o início, com regras simples, ponderado e sutil. Vem com cliente! É a essência do local aliado a personalidade do cliente, independente de estética ou tendência. Aparecem na medida certa sem se sobressair sobre o todo, sem excessos!

 ARQ: Se pudesse definir a profissão em uma frase, qual seria?

“Entender necessidades, materializar sensações e despertar sentimentos!”

ARQ: Como conheceu o Anuário ARQ? E por que decidiu apostar na publicação?

Conheci através da divulgação do Gustavo que nos convidou a participar e também por parceiros de trabalho do escritório.

Apostamos na publicação para mostrar nossos projetos e evidenciar a essência do nosso trabalho!

Publicado por:

Editora Audaz

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