Entrevistas

[ARQTALKS] A arquitetura em uma palavra: emoção

Foto: Renan Costantin

Graziela von Muhlen, sócia do escritório Apê 102 Arquitetura completa no próximo janeiro uma década de atuação. 10 anos podem parecer pouco tempo para quem julga, mas para a arquiteta foi tempo suficiente para adquirir bagagem e colocar-se como nome a ser observado no mercado estadual. E se tem algo que Graziela sabe muito bem é pensar fora da caixa, nada de seguir regras e padrões.

ARQ: O que despertou a sua paixão pela Arquitetura? Quais foram as influências?

Sempre adorei desenhar, combinar cores e texturas, gostava também da área das exatas, matemática, física. Quando tinha 15 anos entrei em um curso de pintura e amei, aí fui atrás de um curso profissional que se encaixasse nas minhas paixões e achei, a arquitetura.

ARQ: Como iniciou no mercado de trabalho? Você lembra da primeira experiência fora da universidade?

Iniciei durante a faculdade em um estágio na minha cidade, onde participei do dia a dia de um escritório, seus desafios diários, projetos, atendimentos, obras, foi uma experiência muito importante para a maturidade profissional.

ARQ: Qual foi o primeiro projeto executado totalmente por você? E qual foi a primeira dificuldade superada?

O primeiro projeto foi para minha família, como já tinha uma certa experiência técnica, em função de ter estagiado 3 anos, não tive muitos problemas com o projeto em si, mas vi dificuldades no atendimento, de como usar a inteligência emocional, principalmente se tratando de alguém da família, onde há mais intimidade. Na verdade, a inteligência emocional é ponto chave na profissão, e aprendo a cada dia que passa um pouco mais.

ARQ: De onde você tira inspiração para projetar?

Viagens, feiras, eventos, Pinterest, revistas, etc. O importante é ter um olhar atento e pensar fora da caixa.

ARQ: O quanto de um projeto é fruto do estilo próprio do arquiteto e o quanto é personalidade dos clientes?

Nós tentamos mesclar, o arquiteto domina a técnica e sabe o que é mais atual, tendência, entende de estilos e consegue induzir o cliente ao ponto de equilíbrio, porém, o projeto precisa ter a cara do cliente, a obra é dele, ele quem irá morar ou usufruir do espaço, e ele precisa se sentir à vontade no seu lugar. Tentamos equilibrar o projeto sempre, acredito que 50% venha do arquiteto e 50% do cliente, pelo menos tentamos trabalhar sempre assim.

ARQ: Pensando em seus clientes, o passar dos anos modificou as prioridades na hora de morar?

Com certeza, principalmente quando falamos em tecnologia.

ARQ: Pensando em mercado, é mais fácil ser arquiteto hoje do que quando iniciou sua carreira?

Acredito que foi mais fácil quando iniciei minha carreira, os clientes tinham mais segurança no profissional, o mercado se encontrava em ascensão, e não havia tantos profissionais no mercado. Hoje temos a tecnologia no dia a dia, tudo é questionável, o cliente tem acesso a todo tipo de informação e os profissionais precisam estar sempre atentos às novidades o tempo todo. O profissional precisa ser muito seguro e procurar estar sempre à frente. Pensar fora da caixa é fundamental.

ARQ: Qual a importância de ter um profissional assinando a obra?

Faz toda diferença, você ter alguém que está se responsabilizando pela obra deixa o cliente muito mais seguro. Além disso, o investimento no profissional retornará ao cliente durante a obra, evitando gastos adicionais, utilizando materiais que estejam de acordo com as condições financeiras da pessoa, levando em consideração a estética e qualidade do material ou produto. O investimento do profissional com certeza será revertido em economia na obra.

ARQ: O quanto você aposta em tendência e o quanto acredita em estilo?

Apostaria em estilo, estilo é a personalidade do cliente.

ARQ: Pensando em mercado, quais os novos desafios apresentados por ele?

O maior desafio, além da tecnologia e a velocidade da informação, é a inteligência emocional, as pessoas querem ser bem tratadas, muitas vezes colocam suas expectativas de vida no profissional e isso é muito bacana, mas é necessário cautela e entender o cliente, parece simples, mas é um grande desafio. A experiência profissional me fez aprender muito sobre isso.

ARQ: Podes nos contar uma história de sucesso, algum projeto que se orgulhe e que não vai mais esquecer?

Todos projetos são especiais pra mim, mas um me marcou profundamente, não pela beleza do projeto em si, mas pela estória de vida da cliente, que me emocionou e nunca irei esquecer. A cliente me contratou para projetar o escritório dela, um escritório de advocacia, mas antes me contou um pouco sobre sua trajetória profissional. Ela teve escritório por muitos anos na cidade vizinha, o qual não se desenvolveu e ela o fechou, desanimada, resolveu abandonar a profissão e se dedicar aos filhos e a família. Um dia ela encontrou uma amiga, também advogada, que a estimulou a voltar para a área, cedeu uma sala para os atendimentos, no mesmo prédio onde atendia e passou alguns clientes e nossa cliente foi construindo sua cartela de clientes, e estava bem profissionalmente quando nos procurou. Sabendo essa estória, nós sabíamos o peso que teríamos com o projeto da sala nova, pois era um sonho, algo que ela esperava por muito tempo. Quando abri a primeira imagem do projeto no dia da nossa reunião de apresentação, a cliente, emocionada, chorou de alegria por estar iniciando a concretização de um sonho tão esperado. Eu tive que me segurar para não chorar junto, pois fiquei muito comovida. São essas as experiências que me fazem sentir profunda gratidão pela minha profissão, isso que me move diariamente.

ARQ: Qual o futuro da arquitetura em meio a contínua inovação tecnológica?

Acredito que a tecnologia irá colaborar muito, principalmente na otimização de custos e tempo, o tempo principalmente, pois é valioso.

ARQ: Como conheceu o Anuário ARQ de Arquitetura e Decoração? E por que decidiu apostar na publicação?

Fui convidada pelo Luís Gustavo para participar da segunda edição e achei o livro muito interessante, com bom conteúdo e ótimos projetos, aí então apostei nele. Acho que fiz uma boa escolha.

Veja mais fotos

Descrição da imagem

Imagem do projeto residencial publicado pelo escritório Apê 102 no Anuário ARQ 2019. Fotos: Renan Costantin

Descrição da imagem

Imagem do projeto residencial publicado pelo escritório Apê 102 no Anuário ARQ 2019. Fotos: Renan Costantin

Descrição da imagem

Imagem do projeto residencial publicado pelo escritório Apê 102 no Anuário ARQ 2019. Fotos: Renan Costantin

Descrição da imagem

Imagem do projeto residencial publicado pelo escritório Apê 102 no Anuário ARQ 2019. Fotos: Renan Costantin

Descrição da imagem

Imagem do projeto comercial publicado pelo escritório Apê 102 no Anuário ARQ 2019. Fotos: Renan Costantin

Descrição da imagem

Imagem do projeto comercial publicado pelo escritório Apê 102 no Anuário ARQ 2019. Fotos: Renan Costantin

Descrição da imagem

Imagem do projeto comercial publicado pelo escritório Apê 102 no Anuário ARQ 2019. Fotos: Renan Costantin

Newsletter

Receba as novidades do M² no seu e-mail