[ARQTALKS] “Aonde você investe seu amor, você investe a sua vida”

O escritório Camila Padovani Arquitetura completa, em 2019, uma década de trajetória. Sob o comando da arquiteta Camila Padovani, ele é responsável por uma série de projetos bem sucedidos que fazem parte da história do segmento na Serra Gaúcha, e principalmente na cidade de Carlos Barbosa, onde fica localizado. Por trás de tanto sucesso, uma bagagem cultural que encanta quem conhecem sua história (e seus traços).

ARQ: O que despertou a sua paixão pela Arquitetura? Quais foram as influências?

Sempre gostei muito de desenhar e quando criança costumava mudar os móveis da minha casa de lugar. Posso dizer que o cinema foi uma influência nessa fase. Filmes que costumavam passar na TV tinham como cenário cidades como Nova Iorque, Chicago, Paris, Roma, entre outras. A diferença entre esses grandes centros me atraía, mesmo que eu não soubesse o que era Arquitetura.

ARQ: Como iniciou no mercado de trabalho? Você lembra da primeira experiência fora da universidade?

Comecei no mercado de trabalho sendo ainda estudante. Trabalhei por cinco anos num escritório de Arquitetura na minha cidade, Carlos Barbosa. Após esse período abri meu próprio negócio. Cada fase com seus desafios, mas aprendi muito no início dessa jornada.

ARQ: Qual foi o primeiro projeto executado totalmente por você? E qual foi a primeira dificuldade superada?

O primeiro projeto foi uma residência no Litoral. Os desafios daquela época são diferentes dos de hoje, claro. E, com isso, as dificuldades. Lembro de ter tido muito prazer na realização do projeto e de ter aprendido muito também.

ARQ: De onde você tira inspiração para projetar?

Das viagens que faço e das visitas a feiras nacionais e internacionais. Além disso, um bom livro (não sendo de Arquitetura também), filme e música sempre são ótimas inspirações.

ARQ: O quanto de um projeto é fruto do estilo próprio do arquiteto e o quanto é personalidade dos clientes?

No nosso caso tentamos adequar as necessidades do cliente ao nosso estilo. Quando um cliente vem nos procurar já tem uma ideia de como são nossos projetos. Procuramos fazer com que o cliente se sinta 100% satisfeito com o trabalho final, tendo a sua cara no projeto e o desenho do escritório.

ARQ: Pensando em seus clientes, o passar dos anos modificou as prioridades na hora de morar?

Com certeza, muita coisa mudou. Desde do dia-a-dia dos clientes, materiais que compõe uma obra, equipamentos, etc. Além disso, no âmbito geral, a maneira de como vemos a nossa casa hoje em dia é diferente de alguns anos atrás. E, com isso, o que procuramos quando o assunto é moradia. Precisamos estar sempre atualizados para entender esses momentos e suprir as necessidades/vontades de cada cliente.

ARQ: Pensando em mercado, é mais fácil ser arquiteto hoje do que quando iniciou sua carreira?

Muita coisa mudou. O acesso à informação tanto pra nós, quanto para os clientes é muito melhor agora do que quando iniciei a carreira. A nossa forma de ver o projeto é outro, mas isso é consequência de muita coisa, como mercado e economia, por exemplo. Hoje temos muitas ferramentas que ajudam nos projetos e uma gama muito grande de materiais e tecnologias novas. Posso dizer que hoje é muito melhor.

ARQ: Qual a importância de ter um profissional assinando a obra?

Acho que faz toda a diferença. Se percebe de cara quando um ambiente tem a assinatura de um profissional. Pelo desenho, funcionalidade e organização da obra, por exemplo.

ARQ: O quanto você aposta em tendência e o quanto acredita em estilo?

Acredito que temos que saber usar os dois juntos. Como trabalhamos com criação, a busca por tendências e atualizações e diversos centros do mundo é algo vital. Mas, claro, adequamos essas tendências às necessidades de cada projeto e cliente aliando ao estilo do escritório. Se essa conta tiver um resultado positivo, o nosso trabalho está bem feito.

ARQ: Pensando em mercado, quais os novos desafios apresentados por ele?

Acho que temos vários desafios. Nos últimos anos, o mercado oscilou consideravelmente. Isso influencia diretamente, não só o nosso, mas todos os demais profissionais envolvidos em uma obra. De qualquer forma, precisamos ser otimistas e fazer o possível para nos destacarmos e mostrar o diferencial. Entender a crise financeira, de um modo geral, faz parte do nosso trabalho.

ARQ: Podes nos contar uma história de sucesso, algum projeto que se orgulhe e que não vai mais esquecer?

Poderia responder com projetos que me deixam muito orgulhosa, desde os iniciais aos mais sofisticados. São casas na praia, na cidade, prédios, construções comerciais, etc. Mas acredito que as verdadeiras histórias de sucesso são as que vivemos no dia a dia do escritório. São várias pequenas ações e ideias que resultam em grandes projetos no final. E isso me deixa orgulhosa sempre.

ARQ: E na contramão, existe alguma história de insucesso que queira compartilhar? Qual a lição tirada dela?

As lições tiramos em cada situação que vivenciamos. Fico muito feliz de sempre ter sucesso nos nossos projetos. Acredito que não precisamos passar por alguma dificuldade para ter um aprendizado. Saber tirar lições do dia a dia faz com que cresçamos sempre.

ARQ: Qual o futuro da arquitetura em meio a contínua inovação tecnológica?

A tecnologia de ponta está cada vez mais acessível para todos os profissionais, não somente na Arquitetura, na criação. Acredito que a diferença sempre vai ser as pessoas que lidam com ela, que estão envolvidas. Se não soubermos tirar o melhor de cada tecnologia que aparece, não faremos a diferença para o futuro. Por isso, estamos sempre buscando atualizações, focando no pessoal, que independente do que estiver por vir, vai ser sempre a questão central na construção dos nossos projetos.

ARQ: Se pudesse definir a profissão em uma frase, qual seria?

Where You Invest Your Love, You Invest Your Life (Aonde Você Investe Seu Amor, Você Investe A Sua Vida), trecho da música Awake My Soul da banda Mumford & Sons.

ARQ: Como conheceu o Anuário de Arquitetura e Design da Serra Gaúcha? E por que decidiu apostar na publicação?

Fui convidada para a primeira edição. Venho participando desde a segunda edição. Tenho orgulho e me sinto honrada de contribuir com nossos projetos.