Entrevistas

[ARQTALKS] “Arquitetura é a arte de materializar sonhos”

Foto: Eduardo Liotti

Com 15 anos de atuação como arquiteto, Marcelo John já coleciona clientes fiéis e projetos de sucesso. Não é à toa que já assinou obras de grandes personalidades do Rio Grande do Sul. Esta década e meia de trabalho é somente a primeira para aquele que acredita tão fielmente no papel da Arquitetura e Decoração. Mas e poderia ser diferente para alguém que cresceu no meio de profissionais apaixonados por arquitetura e construção civil?

ARQ: O que despertou a sua paixão pela Arquitetura? Quais foram as influências?

Por ser filho de arquiteto, e ter muitos arquitetos e engenheiros na família, foi um caminho quase que natural decidir pela arquitetura por já estar habituado ao meio. Contudo a área de atuação foi um pouco diferente, por eles atuarem praticamente com construção civil e meu escritório ser especializado em arquitetura de interiores.

ARQ: Como iniciou no mercado de trabalho? Você lembra da primeira experiência fora da universidade?

Iniciei minha atividade profissional em estágio na prefeitura Municipal da minha cidade, na área de Obra da Saúde e depois em Planejamento Urbano. Depois fiz estágio em dois escritórios de arquitetura, especializados em arquitetura de interiores.

ARQ: Qual foi o primeiro projeto executado totalmente por você? E qual foi a primeira dificuldade superada?

Meu primeiro projeto individual foi projetado e executado logo após a minha formatura. Ele foi indicação de uma colega que trabalhava com ele na empresa, e precisavam reformar um apartamento de dois dormitórios. A dificuldade foi a gestão de custos iniciais, como honorários e gastos de projeto, que eu ainda não tinha conhecimento muito claro na época. Foi uma ótima experiência, porque depois deste, fiz mais três projetos para esses clientes. E recebi algumas indicações para outros clientes deles. Então acredito que mesmo tento um certo prejuízo no inicio, me valeu de experiência para os próximos.

ARQ: De onde você tira inspiração para projetar?

A inspiração vem de várias frentes, como revistas, sites, livros, mostras e eventos de arquitetura e viagens. É um conjunto de todas as influências que nos rodeiam.

ARQ: O quanto de um projeto é fruto do estilo próprio do arquiteto e o quanto é personalidade dos clientes?

Eu acredito, e trabalho nisso, em que o projeto deve refletir a personalidade do cliente, do contrário será mais um showroom de loja ou uma cópia de revista. O arquiteto precisa decifrar e filtrar o que realmente tem sentido para o cliente, e com base nessas informações, apresentar o que pode ser feito, mas sem prevalecer sobre as preferências do cliente, que é quem vai usufruir do espaço depois.

ARQ: Pensando em seus clientes, o passar dos anos modificou as prioridades na hora de morar?

O passar dos anos alterou a forma de morar das pessoas, não estão mais pensando ou focados em mostrar ou ter ambientes estáticos, mas sim, moradias e ambientes para serem usados e aproveitados. Bem como a disposição dos ambientes, sem tentar compartimentações, e mais integrações para um dia a dia mais prático.

ARQ: Pensando em mercado, é mais fácil ser arquiteto hoje do que quando iniciou sua carreira?

Eu acredito que quando iniciei a carreira era mais fácil ser arquiteto e era mais valorizado. Com o passar do tempo, as lojas, profissionais não habilitados, autodidatas e a própria mão de obra avulsa, tornaram o mercado extremamente competitivo e sem critérios técnicos de comparação. Geralmente estamos competindo com quem não tem a mesma formação. E também temos a questão das redes sociais, que hoje vendem imagens, e não projetos, então as pessoas já chegam com um repertório próprio do que querem, mesmo sem avaliar se aquela é a melhor alternativa para eles.

ARQ: Qual a importância de ter um profissional assinando a obra?

A importância é a garantia de ter uma pessoa habilitada para assumir os riscos e poder aconselhar nas melhores escolhas. Não apenas assinando, mas acompanhando a execução.

ARQ: O quanto você aposta em tendência e o quanto acredita em estilo?

A tendência vai inserindo no mercado novos materiais e acabamentos, iniciando por marcas de destaque, e aos poucos, sendo pulverizadas para todos os segmentos. Ela acaba dominando todos os setores, e deve ser intercalada com o estilo próprio do usuário do ambiente.

ARQ: Pensando em mercado, quais os novos desafios apresentados por ele?

O novo mercado está exigindo mais rapidez e menos custos. As novas gerações não pensam mais nos imóveis como propriedades para uma vida inteira, mas sim em fases, talvez para 5 ou 10 anos, como primeiro apartamento até o primeiro filho, no planejamento do segundo já pensam em mudar, por exemplo. Então os grandes investimentos em materiais e nas reformas que sejam para atender aquele período especifico da vida dos usuários.

ARQ: Podes nos contar uma história de sucesso, algum projeto que se orgulhe e que não vai mais esquecer?

Posso citar um projeto de um cliente, em que fomos contratados para fazer uma reforma de um ambiente na casa de praia deles. Antes da conclusão, eles nos indicou para a reforma do escritório da filial de Porto Alegre. Na conclusão deste trabalho, ele nos recontratou para fazer a reforma geral da residência da praia e na conclusão desta, para fazer toda a residência deles. Dois anos após essa conclusão, eles entraram em contato para fazer o projeto da residência em São Paulo, para onde estavam se mudando. Foi um caso de trabalho que durou quase seis anos consecutivos, onde eles valorizavam as ideias do nosso escritório bem como sempre teve uma conduta extremamente ética em prestigiar nosso trabalho.

ARQ: E na contramão, existe alguma história de insucesso que queira compartilhar? Qual a lição tirada dela?

Temos algumas histórias de insucesso, geralmente quando o cliente não quer o trabalho em si do arquiteto, mas alguém para resolver outros problemas pessoais dele, como muitas vezes crises no casamento, problemas familiares, ou quando a pessoa já vem com todo o repertório do que irá querer fazer no ambiente sem analisar as demais possibilidades. Como sempre digo, vale de experiência e nos fazem filtrar os novos projetos que assumimos no escritório.

ARQ: Qual o futuro da arquitetura em meio a contínua inovação tecnológica?

Eu acredito que as novas moradias serão cada vez mais práticas, e não apenas na questão de automação, mas sim no tratamento que os novos revestimentos estão chegando ao mercado, bem como os eletrodomésticos e móveis em geral.

ARQ: Como conheceu o Anuário ARQ de Arquitetura e Decoração? E por que decidiu apostar na publicação?

Conheci o Anuário Arq numa loja de móveis soltos em Porto Alegre e nos dias seguintes, fui visitado por um dos apoiadores do Anuário (Andrea Feine) para conversar com o Gustavo. Mediante a apresentação dele do anuário e pelas referências, pude constatar que era uma empresa séria, preocupada com o profissional e com a qualidade do material desenvolvido.  Resolvi apostar na publicação por abranger uma parte do estado que não tinha tanta atuação, contudo fui muito surpreendido pelo profissionalismo e pela abrangência dele na região.

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Imagem publicada por Marcelo John no Anuário ARQ 2019. Foto: Eduardo Liotti

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