Carlos Ferreirinha: “É um momento especial de descobrir, redescobrir e conhecer a própria casa”

Referência no mercado de luxo, o empresário e consultor Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria, foi diretor de marketing, comunicação e negócios da Louis Vuitton, onde também presidiu a operação brasileira da marca, acredita que o conceito de luxo pode ser usado em qualquer segmento ou atividade, seguindo o que ele chama de verdades eternas: comprometimento imperativo com a excelência e o excepcional. O foco contínuo no extraordinário. O saber criar e contar histórias. O sinal de perfeição. Qualidade resolvida. A tradição definida.

Confira nosso bate papo com Carlos Ferreirinha.

ARQ: Para iniciarmos, gostaríamos que você se apresentasse e contasse sua trajetória profissional.

Sou Carlos Ferreirinha, carioca. Fundador presidente da MCF Consultoria, especializada na inteligência da gestão do luxo, atuando em liderança no Brasil e América Latina há 19 anos. Sou também sócio fundador da Bento Store, uma empresa referência no conceito de mobilidade – garrafas, bolsas e marmitas e lidero há 12 anos a Abrael (Associação Brasileira e Latino Americana das Marcas de Luxo).

Fui diretor de marketing, comunicação e negócios da Louis Vuitton na América Latina e Caribe e presidente da operação brasileira. Também fui diretor de marketing da EDS – Electronic Data Systems com passagens no Rio de Janeiro e EUA.

ARQ: Você foi o presidente mais jovem da LVMH no mundo. Como foi essa experiência para você e quais os principais aprendizados?

São muitos os aprendizados.

O principal é que não é necessário “envelhecer” para conseguir se destacar profissionalmente, por mais que se espere isso. Minha trajetória profissional é pautada em trabalho, trabalho e ousadia. Ousei muito. Me esforcei e me esforço muito para conseguir me diferenciar.

Na Louis Vuitton não aprendi o luxo pelo olhar do cliente. E sim, pelo olhar da gestão que é o meu foco até hoje.

Entendo, decifro e interpreto códigos de gestão da atividade profissional do luxo.

ARQ: Você é apontado como referência no mercado de luxo no Brasil e na América Latina. Como este mercado está reagindo ao momento atual que estamos vivendo?

Não coloco o luxo em patamar de diferenciação. É uma atividade profissional e como tal, sofrendo com todas as atividades. Tudo parado, interrompido. No caso das marcas de luxo com operações na Europa, a redução total dos turistas asiáticos, principalmente chineses impactará uma redução de aproximadamente 50% para esse ano. O que é bem severo e épico.

ARQ: O conceito de mercado de luxo muitas vezes é associado somente às grandes empresas. Como que empresas e profissionais de diversos segmentos e portes devem trabalhar para ter esse mesmo conceito aos seus clientes?

Primeiro gosto de dizer que todas as marcas de luxo que atualmente são grandes ou que fazem parte de grandes grupos, nasceram pequenas e foram pequenas durante quase toda a existência.

Luxo tem a ver com o que eu chamo de verdades eternas: comprometimento imperativo com a excelência e o excepcional. O foco contínuo no extraordinário. O saber criar e contar histórias. O sinal de perfeição. Qualidade resolvida. A tradição definida.

Elementos que podem ser usados como guia e inspiração para qualquer segmento e ou atividade, não importante o tamanho.

ARQ: Como que profissionais de Arquitetura e Decoração, bem como empresas que atendem este mercado, devem trabalhar neste momento ímpar que estamos vivendo?

Foco urgente no curtíssimo prazo.

A mesma energia que é alocada na angústia, no desespero, na inquietação, também deveria servir como energia de renovação. Quem seremos pós travessia? Qual será minha voz, minha atitude, minha postura?

Falar imediatamente com o coração com os clientes.

Pensar com clareza e honestidade, por mais dolorido que seja, quem eu era antes da pandemia em gestão, em observações de mercado.

ARQ: Se pudesse dar um conselho a empreendedores e profissionais de arquitetura e decoração, qual seria?

Acredite que a “casa” sai vencedora desse momento pandêmico.

É um momento especial de descobrir, redescobrir, conhecer a própria casa.

Nating at home… A casa como ninho.

Nunca tivemos isso antes.

Segurem… porque a atividade será beneficiada.